terça-feira, 30 de outubro de 2012

Serras do Sul - dia10 - Bom Jardim da Serra / São José dos Ausentes

(24/09) O dia prometia ser pesado (e foi!), pois faríamos um trecho de 80km sendo quase todo ele por estrada de chão! Após uma noite fria, acordamos relativamente cedo, tomamos café e nos despedimos da Dona Tereza e do Seu Anastácio. Da fazenda até a entrada da estrada foi bem rápido, mas fizemos uma parada em um mercadinho para comprar o lanche do dia, pois não tínhamos certeza do que encontraríamos pelo caminho. A estrada para São José dos Ausentes está sendo pavimentada, e as obras se iniciaram a partir de cada uma das duas cidades e um dia se encontrarão na fronteira dos estados. Estradas em pavimentação são piores do que estradas sem pavimentação alguma, pois as máquinas remexem as pedras que ficam soltas!

 (amanhecer na fazenda)
 (Dona Tereza, Seu Anastácio, Mr. Heil e eu)


 (Mr. Heil tem uma teoria que se vc para quando os cachorros vem latindo pra cima, eles ficam sem saber o que fazer. Aqui ele está testando a teoria. Parece que funciona!)

O começo do pedal rendeu pouco, principalmente pela quantidade de pedras na estrada e demoramos um pouco até chegar na fronteira entre SC e RS. Fizemos uma parada para o "almoço" na beira do rio que separa os dois estados. A estrada melhora um pouco do lado do RS, embora tenhamos encarados mais subidas.


 (almoço na fronteira)
 (RS lá vamos nós!)


Depois de bastante "nada" pelo caminho, fizemos uma parada em uma localidade chamada "Silveira" e lanchamos. Ficamos um pouco preocupados pois havia a possibilidade de não conseguirmos chegar em SJ dos Ausentes com luz do dia, e a noite tem esfriado um bocado. Mas o trecho de estrada depois de Silveira estava bom e conseguimos manter uma média de velocidade bem maior do que havíamos feito até então. Quando chegamos em SJ dos Ausentes nos hospedamos no primeiro hotel que encontramos, e que haviam indicado pra gente no caminho. Era uma combinação de Posto/Restaurante/Hotel, mas a parte do Hotel estava sendo construída, e o nosso andar era bem novinho e muito bom. Acabamos jantando um "A La Minuta" por lá mesmo e fomos dormir cedo, pois o dia havia sido cansativo.


 (cemitério a beira da estrada)
 (próximo a Silveira)


Resumo do dia: 87Km com 1700m de altimetria. Track aqui.

domingo, 28 de outubro de 2012

Serras do Sul - Dia09 - Serra do Rio do Rastro

(23/09) Hoje dia de hoje seria outro dia especial pois finalmente eu passaria pela Serra do Rio do Rastro, e para completar, passaria duas vezes (!), já que eu desceria, encontraria meu colega de viagem em Guatá (onde começa a serra) e subiria com ele! Acordei cedo, arrumei minhas coisas, mas tive que sair sem café da manhã, já que ele só seria servidor a partir das 8h, e eu queria sair antes disso. O tempo amanheceu um pouco nublado, mas seco e sem previsão de chuva, apesar da frente fria que se deslocava em direção a região. Fiz o trecho entre Bom Jardim da Serra e o começo da descida dentro do tempo previsto, mas senti que as pernas não estavam na sua melhor forma. Parei no mirante para algumas fotos, que não ficaram lá essas coisas por causa das nuvens, mas nem me preocupei muito pois eu teria mais uma chance de fazê-las :-), além do mais não queria deixar o Mr. Heil esperando, e eu havia dito que chegaria por volta das 10h.

 (parece bom, mas não ficou sempre assim o tempo)
(quatis no mirante!)


Do mirante até Guatá, foram 50 minutos quase a maioria deste tempo descendo. Com os alforges e com a roda traseira um pouco empenada, preferi ser "cauteloso" (um eufemismo para medroso), então usei um bocado o freio. Encontrei o Mr. Heil na pousada que ele estava, e aproveitei para tomar um café da manhã por lá. Iniciamos a subida e as pernas voltaram ao "normal", elas precisam mesmo do café...  Vencemos a subida sem problemas, claro que parando bastante para as fotos e para tomar uma água. Se o tempo não colaborou com as fotos, pelo menos colaborou com os ciclistas, pois teria sido muito mais desgastante com um sol forte.






Fizemos uma pequena parada no mirante novamente e comemoramos o feito. Meu amigo tinha dúvidas se conseguiria, embora eu tivesse certeza que ele subiria tudo. Esse "gosto" por desafios de subidas é mesmo difícil de entender, mas não é de todo incomum entre os ciclistas :-). Saimos do mirante, e paramos em uma churrascaria alguns kms adiante, e fizemos uma merecida reposição de calorias e proteínas :-).

A Serra do Rio do Rastro possui iluminação, então deve ser um programa legal fazer a descida/subida durante a noite (no verão é claro!). hm... nota mental: colocar no "to do" subir/descer a serra de novo, e de speed :-).




 O destino final do dia foi a fazenda de um amigo do Mr. Heil, que gentilmente estendeu o convite para que eu também me hospedasse lá (obrigado mais uma vez Wilson!). A sede da fazenda é muito legal e muito confortável, e pudemos aproveitar o fato de termos chegado relativamente cedo para lavar algumas peças de roupa. Fomos recebido pelo casal que cuida da fazenda, os dois muito simpáticos. O sr. Anastácio, um típico gaúcho - bombacha, bota e lenço -  nos divirtiu bastante com os seus causos durante o delicioso jantar preparado pela Dona Tereza. Apesar de querer desfrutar de mais tempo da companhia de todos, os olhos estavam fechando, então nos retiramos e deitamos mais cedo. Durante a noite a temperatura caiu bastante, e as notícias da previsão do tempo eram de uma possibilidade de neve na região, mas a neve não veio... ficamos só com o frio mesmo!

Resumo do dia: 63km com 1700m de altimetria. Track aqui.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Serras do Sul - dia08 - Urubici / Bom Jardim da Serra

(22/09) No dia anterior eu havia conversado com o seu Chico e haviámos levantado a possibilidade dele me acompanhar em um pedaço do percurso de hoje (sábado). Claro que ele não poderia simplesmente largar a pousada, mas mantive o convite. Acordei cedo, tomei café e na hora de sair a supresa, não só ele iria me acompanharia como também havia convidado um amigo seu de pedal, o Ney, que também nos acompanharia. Então saímos os 3 com destino à entrada do Parque São Joaquim, distante uns 20kms da pousada. Claro que para sair de Urubici teria que ser subindo :-). Mas fomos conversando, e a subida foi vencida sem problemas. O tempo estava bom, mas um pouco frio, então nas poucas descidas da parte asfaltada os dedos congelavam!

 (Pousada Girassol em Urubici)
 (seu Chico, no centro, e o Ney)
(Urubici lá embaixo)

Chegamos na casa do guarda-parque, e paramos para uma água e para nos despedirmos, pois eu continuaria sozinho pelo parque e eles voltariam para Urubici. O guarda comentou que estava aumentando no parque a população do que eles chamam de "leão baio", algum tipo de felino que eu não faço idéia de como seja, e que é bem raro de se encontrar ao vivo durante o dia.

O trecho dentro do parque começa com mais subidas inclinadas e com pedras, mas o visual na parte mais alta compensa o esforço. A parte mais alta do caminho chega aos 1700m de altura, e passa pela mesma cadeia de montanhas do Morro da Igreja. O visual na parte alta me lembrou algumas paisagens patagônicas, ou seja, vegetação rasteira e amarelada, e aquela vista do horizonte distante (até tinha vento também, mas era uma brisa comparado com os da patagônia!). A paisagem muda bastante ao descer, e as florestas e rios passam a dominar a paisagem.


 (cemitério, na parte mais alta do parque)




Ao cruzar um dos principais rios da região, o Rio das Antas, encontrei com um grupo de pescadores fazendo um churrasquinho na beira da estrada/rio. Foi até engraçado, pois quando um deles me viu já sacou uma latinha de cerveja e fez aquela encenação de apoio/posto de hidratação. Eles estavam na região pescando no estilo fly fishing, e me convidaram para partilhar do churrasco. Confesso que veio em boa hora :-), então comi  e  fiquei de papo com eles. Pessoal legal! O tempo a essa altura já estava bem bom, bastante sol e um pouco de calor.


O resto do caminho foi tranquilo: algumas fazendas, algumas subidas e um bocado de pedra pelo caminho, mas sem grandes problemas. Acabei chegando cedo em Bom Jardim da Serra e até pensei em descer o Rio do Rastro para encontrar o mr. Heil, pois eu havia me comunicado com ele, e ele me disse que ficaria em uma pousada em Quatá, no começo da Serra. Mas achei que não pegaria a melhor luz do dia para descer e resolvi ficar por Bom Jardim mesmo. Me hospedei e aproveitei para trocar mais um raio quebrado na frente do Hotel. Dessa vez fiz eu mesmo :-).


 (Bom Jardim da Serra)


Quando sai a noite para jantar, vi que havia esfriado bastante! Achei até que não fosse ter casaco suficiente... Quando voltei aproveitei um pouco da salamandra do hotel, mas não fiquei muito tempo e fui dormir.

Resumo do dia:  61km, 1700m de altimetria. Track aqui.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Serras do Sul - Dia07 - Morro da Igreja

(21/9) Parece que quanto mais ao sul eu vou, mais instável fica o tempo. Em questão de horas muda tudo! Choveu durante a noite, e pela manhã o tempo estava fechado e com uma chuva leve. Levantei sem muita pressa, e já meio conformado com a possibilidade de que não iria pedalar hoje. Tomei café bem devagar e fiquei um bom tempo de papo com o dono do pousada. Ele havia feito o Audax de Florianópolis esse ano então é bem provavel que tenhamos cruzado por lá. Por fim, voltei pro quarto e deitei na cama para ler um pouco. Por volta das 11h o seu Chico me chama e diz que tem duas notícias: parou de chover e o pneu traseiro estava no chão! Resolvi aproveitar a oportunidade, então me preparei para sair, enchi o pneu e ele segurou o ar. Voltei no Luciano e pedi para ele verificar/remendar a camara. Fiz isso de pura preguiça de desmontar a roda, e sabia que ele teria as ferramentas para fazer o serviço sem desmontar nada e muito mais rápido do que eu! De novo ele não quis me cobrar nada!

Com tudo resolvido, parti em direção ao Morro da Igreja, que é um dos principais destinos turísticos da cidade, e o quinto mais alto do sul do país. Ele é considerado também o ponto habitado mais alto do sul, pois em seu cume existe uma base militar onde funciona o CINDACTA II (controle de tráfego aéreo). Apesar de não estar chovendo, ainda estava meio nublado, então era bem provável que eu não conseguisse ver muita coisa do cume, já que é muito comum ele ficar coberto pela neblina.

Como está tudo asfaltado, cheguei bem rápido na entrada para o morro e comecei a subida. Os 3 primeiros quilômetros são bem inclinados, e tem até placa avisando isso! Depois fica mais tranquilo e alcançar o cume é uma mera questão de marcha leve e um pouco de paciência :-). Fiz uma paradinha no meio do caminho para um lanchinho e continuei.




Quando cheguei ao cume, eu vi o que já esperava, ou seja, nada! Uma neblina bem forte não permitia enxergar mais do que uma dezena de metros a frente, e estava bastante frio também. Então só registrei que estive lá e me preparei para o downhill imenso pela frente. Aproveitei também para trocar de luvas, já que na descida os dedos congelam! Ao descer passei por um pessoal subindo de MTB e em ritmo de treino!







Voltei para Urubici e antes de ir para a pousada passei na administração do Parque São Joaquim para avisar que eu iria cruzar o parque no dia seguinte. O seu Chico tinha me orientado a avisar a administração! Aproveitei também para pegar algumas dicas do caminho. Como eu tinha ficado sem almoço fiz mais um lanche leve para aguentar até a janta e voltei para a pousada. A noite experimentei uma das especialidades da região, truta!

Resumo do dia: 63km e 1250m de altimetria. Track aqui.

Serras do Sul - Dia06 - Santa Rosa de Lima / Urubici

(20/9) O dia amanheceu espetacular! Parecia que eu estava em outro lugar, pois a chuva e o nublado do dia anterior desapareceram e o sol e um céu azul deram as caras. Estava animado também porque hoje o trajeto passaria por um dos destinos "top" da viagem: a serra do Corvo Branco, finalmente! Claro que antes eu precisava chegar no sopé da serra, ou seja a localidade de Aiuerê, e o caminho até lá foi bem legal, mas num sobe e desce danado, já que a região é bem acidentada. Mais ou menos a meio caminho, é possível avistar o paredão a qual a serra do Corvo Branco faz parte, e aos poucos ele foi crescendo no horizonte a medida que eu me aproximava de Aiuerê.






Alguns kms antes do sopé da serra, parei numa casa que tinha uma placa de "Informações Turísticas" e descobri que ali funcionava um pequeno e tradicional alambique. Cachaça produzida do jeito mais tradicional possível: primeiro a cana é fervida numa baciazona de cobre, depois colocada para fermentar com água em uma caixa dágua e por fim, "cozida" novamente numa especie de forno de barro, com um tubo que passa por uma caixa com água corrente, que serve para resfriar o vapor de cana, fazendo com que a cachaça, literalmente, comece a "pingar" na saída do cano. Mas não experimentei a branquinha não... tomei uma pepsi mesmo, conversei com o proprietário, descobri que não teria lugar mesmo para almoçar em Aiurê,  e que depois da subida haveria bastante aslfalto até Urubici.





Comecei a subida por volta das 11h da manhã, e logo descobri que a descrição que os motoristas costumam dar para a serra não condiz muito com a realidade que os ciclistas encaram: "A serra é pequena, a parte inclinada mesmo é só o último quilômetro!". A serra começa muito inclinada, depois fica "gerenciável" e por fim fica insano no último 1.5km. Ah sim... e só esse último trecho é que tem um protótipo de asfalto, porque o o resto é terra! No começo da subida eu olhava para o altímetro do GPS e parecia que estava olhando para o odômetro :-).  Mas apesar da descrição dramática, a subida foi rendendo, e a paisagem foi ficando cada vez mais espetacular.

Em determinado momento, a estrada passa por uma pequena planície com uma vegetação mais rasteira, e é possível ver o caminho sumindo por entre as escarpas da montanha, sinal de que eu estava chegando no "chefe de fase" do dia. Ao chegar no trecho final, você olha para cima e fica tentando imaginar por onde a estrada passa, pois ela some em meio a vegetação e curvas do tipo cotovelo entre as rochas.







Apesar da esforço para pedalar morro acima a bike carregada, curti bastante o último trecho (aquele da inclinação insana) e quando me dei conta, estava no mirante próximo a aquele corte imenso entre as pedras que marca o ínicio da descida da serra e parada obrigatória para as fotos. Encontrei mais duas famílias de carro por lá e trocamos aquela gentileza de tirar fotos um dos outros.







Meu plano original seria o de dormir antes de Uribici, em uma localidade chamada Rio Canoas, mas no meio do caminho eu havia decidido por seguir até Urubici por várias razões: ficar dois dias na mesma pousada ia permitir que uma parte da minha roupa secasse, pois o que eu estava lavando nem sempre secava até o dia seguinte; eu poderia subir o morro da igreja descarregado no dia 07; e pra completar, descobri um raio quebrado na roda traseira e possivelmente acharia algum lugar para trocar em Urubici. Pra facilitar ainda mais os planos, eram apenas 14h da tarde! Após o término da subida, a estrada segue por uns 4 ou 5 km sem pavimentação e depois segue asfaltada até Urubici. Motivado pela proximidade, segui num ritmo bem bom, fazendo apenas uma pequena parada para uma água/refri na entrada para o Morro da Igreja. Chegando em Urubici parei para pegar umas informações, e me indicaram uma bicicletaria e uma pousada. Fui até a bicicletaria onde fui muito bem atendido pelo Luciano, que trocou o raio (claro que eu tinha levado sobressalentes!) e não quis me cobrar! Ainda tomei um café com ele e mais um amigo dele. Pode parecer até um pouco contraditório, mas a experiência tem mostrado que existe um pessoal muito bom nos locais mais improváveis... não que trocar um raio seja algo complicado, mas ele fez bem rápido, sem desmontar a roda, e ficou bem bom o serviço :-). Segui então para a pousada onde fui bem recebido pelo seu Chico, que também é ciclista! Usei o tanque e o varal para dar um jeito nas roupas, tomei um bom banho e usei a internet sem fio. A menos de uma quadra da pousada fica um restaurante legal, onde jantei logo no começo da noite.

 (um pouquinho de publicidade merecida)

(Igreja Matriz de Urubici)


Resumo do dia: 72km com 2150m de altimetria. Track aqui.