domingo, 27 de abril de 2014

Carretera Austral 2014 - Villa Manihuales até Villa Amengual

(22/1) O dia de hoje prometia ser bem fácil: 60km, asfalto e com a altimetria suave. Mas a Carretera sempre reserva algumas surpresas, e algumas não muito agradáveis. O dia anterior havia sido frio, e durante a noite começou a chover e continuou até o amanhecer. Embora a nossa programação tenha dado certo até agora, eu preciso me acostumar a colocar uns dias extras, ou  "dias de leitura", aquele tipo de dia para tomar café da manhã, voltar pra cama e passar o resto do dia lendo ou fazendo nada. Perdemos uma boa oportunidade de fazer isso :-). Mas enfim a contrariando a previsão do tempo tínhamos que seguir. Uma última foto na frente do hostel e partiu estrada!


No começo até demos sorte e encaramos só um pouco de frio e tempo nublado. Uma paisagem "rural" bem agradável, estrada vazia e boa. Mas... o tempo não foi tão clemente assim! A chuva veio e a princípio bem tímida a ponto de pensar se deveria parar e colocar os impermeáveis ou seguir assim mesmo. Pouco depois ela não deixou dúvidas e parei para colocar calça e casaco impermeável.


Por volta dos 30km paramos para um rápido lanche e deu para ver o estrago na moral da grupo. Não apenas pela chuva, mas pelo frio! Manter a temperatura molhado é mais difícil. E as paradas como a que fizemos não ajudam porque dai o corpo, e principalmente o suor por baixo dos impermeáveis esfria, então a melhor estratégia é parar o mínimo possível.

 (4 graus! Mas a sensação térmica era ainda pior)


A estrada/região parecia bonita, mas não tínhamos condições de aprecia-la como ela merecia (mais uma razão para programar os dias de leitura!). Acabamos entrando no modo "sobrevivência"... e assim seguimos pelos quilômetros finais até chegar em Villa Amengual. Uma paradinha rapida na praça principal e saímos atrás de hospedagem. Haviam bem poucas opções e algumas sem vagas! Mas acabamos encontrando um hostel simples e nos hospedamos. Se um banho quente depois de um pedal já costuma ser muito bom, o de hoje fez milagres e ajudou muito a recuperar o humor!

(pensa num mau humor...)

Como chegamos relativamente cedo, pudemos interagir mais com outros viajantes no hostel. Conversamos bastante com um casal israelense que estava percorrendo a Carretera em um wolkswagen Gol alugado (quem disse que precisa de 4x4?)! Eles faziam trechos curtos cada dia e se hospedavam em hostels justamente por esse convívio. Foi legal saber mais sobre a vida em um Kibutz e sobre culinária deles! O Rafael estava muito interessado em aprender sobre a tal da Shakshouka que nós já havíamos visto outros israelenses preparando em outros hostels.

 (Nossos novos amigos israelenses. Ainda encontraríamos com eles mais a frente)
(CG125?)

O hostel funcionava também como uma espécie de "parada" para quem estava viajando de carro/van pela região, já que tinha um pequeno restaurante/lanchonete. Passou por lá um suiço que veio pro Chile estudar e antes de retornar estava percorrendo a Carretera em algo equivalente a uma CG125 (moto)! Parece que estava com problemas e precisava chegar em Coihayque! Claro que ele estava quase congelando tb!


No final da tarde o tempo começou a melhorar e até apareceu um pouco de céu azul para nos animar! Uma cerveja antes da janta, salmão e cama... uma boa maneira de terminar o dia!

Resumo do dia: 59 km com 550m de altimetria. Track aqui.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Carretera Austral 2014 - Coyhaique até Villa Manihuales

(21/1) Saimos de Coyhaique com um tempo meia boca, e encaramos uma boa subida logo no início. No topo da subida haviam 3 turbinas eólicas o que não era muito encorajador, já que era promessa de vento! Não pegamos vento na subida mas ele veio forte na descida! Ainda bem que durou pouco tempo, e assim que descemos do outro lado do vale ele acalmou. Nesse trecho tinhamos duas opções de caminho: a primeira seguia por estradas de rípio e a altimetria era maior, a segunda opção seguia pelos vales dos rios Simpson e depois Manihuales, e apesar de ser uns 10 a 15kms maior, prometia ser mais fácil pois era tudo asfalto, então acabamos pegando a segunda opção.

 (saída da cidade)
(Coyhaique ao fundo)

Na descida do vale do rio Simpson passamos pelo único túnel da viagem. A estrada liga Coyhaique ao porto de Aysen, então havia um movimento chato de caminhões e havia pouco acostamento, o que exigiu um pouco mais de atenção mas seguimos sem sustos! Por volta do km 40 paramos em uma espécie de restaurante que atendia a ônibus trazendo os turistas dos cruzeiros que paravam em Aysen. Não serviam almoço, mas sim uma mesa de petiscos e vinhos. Momento chique da viagem... o patê de salmão defumado estava muito bom :-). Ao chegarmos havia uma excursão embarcando no ônibus e 4 caras de bikes carregadas viraram atração, e tiramos algumas fotos com outros turistas.

("ônibus" transformado em lanchonete, mas estava fechado)

Devidamente alimentados seguimos viagem debaixo de uma leve garoa. Chegamos na bifurcação Aysen/Manihuales e entramos no vale do Rio Manihuales. O tráfego de caminhões praticamente sumiu e pudemos curtir melhor a paisagem. Apesar de um pouco frio, o pedal rendou, já que o asfalto estava bom e apesar de estarmos ganhando um pouco de altura, o relevo era suave.
 (sim... tava frio!)

Chegamos em Villa Manihuales, e apesar de simples e sem muitos atrativos, era simpática. Ficamos em um hostel legal e bem novinho, com os quartos e uma sala de estar no segundo andar, e um pequeno restaurante embaixo, onde jantamos mais tarde.

 (Na vila existe uma "casa de ciclistas", mas não ficamos lá)


Resumo do dia: 90km com 650 de altimetria. Track aqui.

domingo, 20 de abril de 2014

Carretera Austral 2014 - Villa Cerro Castillo a Coyhaique

(20/1) Começamos o dia bem e descansados. Ter terminado o dia mais cedo ontem ajudou, e precisariamos desse descanso porque esse trecho seria longo: 98km com uma baita subida no começo, mas com o atenuante de ser tudo asfalto. Tomamos café, arrumamos as coisas e saimos cedo. Como na nossa hospedaria não havia internet, paramos próximo ao restaurante do dia anterior para aproveitar o wifi e mandar noticias para casa.

 (pracinha e ao fundo o restaurante com o wifi aberto :-) )
(nossa hospedagem)
(o dia estava ótimo!)

O dia estava bonito, mas começamos logo com o chefe de fase: uma subida de 15km. Alguns trechos eram bem inclinados e a estrada subiu serpenteando, ou melhor "caracoleando" montanha acima. Mas a paisagem compensava, seja pela própria estrada, como pela visão das montanhas ao redor. No término da subida entramos em um vale bem legal, e próximo a um lago havia um camping que poderia ter sido uma boa opção caso continuássemos no dia anterior (hm... talvez não... devia ser bem frio o local).
(caracoles!)
 (e a vista lá de cima!)
 (mas antes... tem que subir!)
 (subir!)
(e mais isso!)
(e sobe!)
(até chegar no vale!)
(acho que o camping era ali embaixo :-) )

Ao sair do vale a paisagem se transformou numa espécie de "pampa", se aproximando das paisagens do lado argentino, inclusive com o vento! Eu havia ficado um pouco para trás para tirar fotos, e acabei me afastando do grupo. Deu um certo desânimo encarar esse vento, mas mal sabia eu que era só o começo! Reencontrei o pessoal em uma garagem de uma casa próxima a rodovia e aproveitamos para descansar e comer um pouco.  Seguimos pedalando e alcançamos uma encruzilhada que levava ou a Balmaceda onde fica o único aeroporto da região, ou a Coyhaique, nosso destino do dia. Por sorte alguns quilometros depois encontramos uma pousada/restaurante muito legal chamada "El Blanco" (outra boa opção de parada). Almoçamos bem e ainda comemos cerejas de sobremesa (hmm!).

 (pampas!?)
 (muito bom!)

O retorno a estrada foi bem sofrido. O tempo piorou e o vento aumentou, contra é claro! Adotamos uma tática de "pelotão",  revezando o ciclista que ia na frente para cortar o vento, o que ajudou um bocado. Mesmo assim foram 25km bem desgastantes. Ainda por cima tinha o aspecto psicológico, pois quando encaramos o vento me vieram as lembranças da viagem pela Argentina, e rolou aquele "de novo não, por favor!".

 (pelotão!)
(chegada a Coyhaique)

Mas, para manter o cronograma, precisávamos chegar em Coyhaique, e apesar de estar difícil, não era impossível :-). Depois dos 25km entramos em outro vale, o vento diminuiu e o pedal voltou a render.

Coyhaique é considerada a "capital" da patagônia chilena, tendo algo em torno de 50 mil habitantes, e funciona como um grande centro distribuidor de mercadorias e serviços, graças a proximidade com o porto de Aysen e Chacabuco, e da fronteira com a argentina. Sabíamos também que havia uma bike shop e seguimos direto para ela ao chegar na cidade. Comprei uma nova blocagem de selim e consegui mais parafusos para o freio, só por prevenção! O Pedro comprou um pneu novo e trocou aquele que havia sido costurado (lembram? rodou uns 300km!). Incrível como mesmo nesse local, que parece tão remoto para nós, as coisas ainda são mais baratas que no Brasil!

("Bicicletas Figon"!)

Encontramos um hostel na mesma rua da bike shop e nos hospedamos. Aproveitamos a cidade grande para fazer compras em um supermercado de verdade. O Rafael e o Mildo estavam com disposição para cozinhar, mas eu e o Pedro não, então pegamos algumas dicas, e acabamos comendo muito bem em um restaurante que nos indicaram. E partiu descanso merecido :-).

Resumo do dia: 98km com 1500m de altimetria. Track aqui.