(Saindo de Ponte Alta)
(Canion Sussuapara)
A visita ao canion foi rápida e logo segui viagem. Mais uns 15 km pra frente e encontrei um pessoal parado em um micro-ônibus (ou "van"). Era o "Adriano" da van com o qual eu tinha feito contato na semana anterior antes de viajar. O veículo tinha estragado e eles estavam aguardando a chegada de outro para poder levar o pessoal. Falaram pra eu tomar cuidado porque a uns dias atrás uma onça havia perseguido um cara de moto. Essa história ainda vai render... aguardem :-).
Continuei viagem de olho nas placas das poucas fazendas por onde passei a procura daquela que haviam me indicado (na verdade passei por duas somente!). Até que uns 7km depois, conforme o Adriano tinha me informado, achei a fazenda. No local estava o rapaz que cuidava da fazenda e sua irmã. Me apresentei e pedi para dormir por lá e fui muito bem recebido. O pessoal é de fato bastante hospitaleiro. Pude usar uma cobertura para armar a barraca e o banheiro. Como o rapaz cuidava de outros locais e precisava levar a irmã para casa (ainda era uma criança), ele acabou saindo de moto com ela e fiquei sozinho por lá. Só pediu para eu trancar o portão quando saisse!
Conversando com ele e sobre a região, ele me contou que o prefeito de Ponte Alta havia fechado a escola em um povoado próximo e que a irmã viajava 100km para poder ir a escola em um município vizinho! E a escola funcionava num esquema semana sim, semana não! Que coisa...
A primeira noite de acampamento foi bem tranquila e como viria a se repetir, como estava acampando em espaço coberto, nem montei o sobreteto da barraca.
(um luxo para acampar :-) )
(jantar na base do fogareiro de latinha com alcool!)
Amanheceu sem chuva, mas ainda bastante nublado. Saí por volta das 8h e logo cheguei ao tal do Rio Vermelho. A decisão de ficar na fazenda foi acertada, pois com as chuvas o local estava bem barrento, e também um pouco sujo com o lixo do pessoal que passou por ali. Logo após o rio comecei a pegar os primeiros trechos de areia! Nada muito longo, mas em uns dois lugares precisei caminhar um pouquinho. Ainda assim a ideia de ir com pneus 2.3" valeu, pois em vários outros lugares consegui passar pedalando.
(Rio Vermelho)
(não teria sido um local tão legal para acampar...)
Antes de chegar na encruzilhada que vai para Cachoeira da Velha passei pelo o que o pessoal de lá chama de "serrinha", que na verdade é apenas uma "ladeira" com uns 300m de extensão. Inclinada a ponto de ter um pedaço de aslfato, mas que não chega a ser nenhum desafio :-). Um pouco mais pra frente está a encruzilhada e parei para um lanche antes de seguir.
Saindo da encruzilhada são aproximadamente uns 20km até a antiga sede da fazenda do Pablo Escobar. Pela história que me contaram, o traficante plantava maconha lá. Depois disso tentaram fazer uma pousada no local (não tá claro se a pousada era fachada tb...). Mas no final das contas o governo tomou a fazenda e hoje é apenas um ponto de parada para quem vai até a Cachoeira.
(encruzilhada Cachoeira da Velha x Mateiros)
(Entrada da Fazenda do Pablo Escobar)
O caminho até a fazenda é uma imensa de uma reta com algum sobe e desce. Em uma área mais baixa próxima já da fazenda consegui ver umas Emas, e eram grandes como um avestruz! Mas não deu tempo de fotografar :-(.
Chegando na fazenda me conheci o Edmilson, que trabalha como um zelador do local. Pedi para acampar por lá e ele me mostrou uma varanda onde eu poderia armar a barraca. Mas para aproveitar ainda o dia, resolvi visitar logo a cachoeira, então deixei as coisas por lá e parti leve. Da fazenda até a cachoeira são mais uns 9km.
Por conta das chuvas o volume de água estava bem grande e bastante turva. Fiquei um tempo no mirante da cachoeira e voltei para estrada para ir até a "prainha". Existe uma trilha que liga estes dois pontos mas estava fechada, e o Edmilson recomendou que não a usasse. Acho que ela foi fechada no ano passado quando a região ficou interditada quando uma onça teve filhote.
(Cachoeira da Velha)
(desse ponto que o pessoal começa um rafting até a prainha)
(Cachoeira da Velha ao fundo)
Quando cheguei na prainha o Edmilson estava lá e me acompanhou durante a visita. Ele estava preocupado porque tinha sentido cheiro de onça no caminho. Segundo ele é um cheiro de carniça. Não senti nada, mas eu sou o cara da cidade e ele é o local... Acabou que ele voltou me escoltando de moto os 9km de volta para a fazenda! Tava mesmo preocupado :).
(prainha)
Armei acampamento, e finalmente conzinhei o almoço (umas 5h da tarde!). Fiquei um tempo de papo com o Edmilson e depois fui terminar de ajeitar as coisas. Acabei deitando cedo, mas logo no começo da noite acordei com os cachorros latindo e só acendi a lanterna pra ver o que era. Encontrei com o Edmilson com uma lanterna na varanda também e perguntei o que era. Segundo ele os cachorros latiam quando tinha bicho por perto, talvez onça... Perguntei se era seguro eu continuar lá e ele achou melhor que eu passasse para dentro e me indicou uma sala vazia onde eu poderia ficar. Só transferi a barraca e as coisas pra lá e dai pude dormir tranquilo. Vejam que essa história de onça tá crescendo :-)
(local de acampamento, depois transferido para a sala ao lado)
Resumo do dia 1: 40km de pedal (track aqui).
Resumo do dia 2: 69km de pedal com 700m de altimetria (track aqui incluíndo visita a cachoeira).
Tá com cara de asfalto essa estrada! Quando estive lá comecei a empurrar a bike 15 km antes do Rio Vermelho.
ResponderExcluirÉ... dizem que a estrada fica melhor com chuva, pois ajuda a compactar a terra. Quando está bem seco é que fica ruim.
ExcluirCaramba Lyra, como esse mundo é pequeno....eheheh.
ResponderExcluirEm janeiro desse ano (2019) fui pro Jalapão e acabei ficando na mesma pousada que vc (aquela da última foto da parte 1) e na cachoeira da Velha tb conversei bastante com o Edmilson. Inclusive bati um rango feito pela esposa dele.
Abraço.
Vou continuar a leitura e ver se tem outras coincidências....hehehe