domingo, 29 de janeiro de 2012

Expedição El Calafate - Ushuaia - De El Calafate a Tapi Aike (1o pedal)

Finalmente o primeiro dia de pedal! Saímos relativamente tarde, mas na hora combinada (por volta das 9h da manhã). Antes de sair, coloquei minha idéia em prática: que gelzinho e barrinha de cereal que nada, eu quero é empanada! Dito e feito, abastecemos os alforges com empanada e começamos a pedalar. Logo na saída encontramos um cicloturista francês, que estava indo para El Chaiten. Fizemos algumas paradas no trecho que já haviámos percorrido (caminho para o Aeroporto) para tirar algumas fotos do Lago Argentino, e seguimos por um asfalto bom, a uma velocidade confortável.




Os primeiros 50kms se passaram sem muitas novidades, a não ser é claro a empolgação de finalmente começar a nossa viagem. Nesse trecho encontramos outro cicloturista, dessa vez suiço, que estava vindo de Tapi Aike (nosso destino), e aproveitamos para obter algumas informações da trecho. No final dessa parte começamos o primeiro desafio do dia, que era a subida de uns 600m de altura (estávamos a 400m e iríamos a 1000). O ritmo obviamente caiu, mas tudo bem. Já quase chegando ao topo, o tempo fechou e ameaçou chuva, mas em vez disso o que caiu foi um granizo fininho! Ainda bem que durou pouco.

 (Cicloturista Suiço que encontramos pelo caminho)
(Foto: Rafael Gassner)

Já no topo pegamos um bocado de vento a favor, e foi uma beleza andar a 35km/40km por hora com a bike carregada! Mas uma hora acaba... chegamos a uma localidade chamada El Cerrito. Imaginei que tivesse algum tipo de posto de gasolina por lá, mas o que eles chamam de "posto de servicio" na verdade é um alojamento/depósito para os funcionários que cuidam da rodovia. Paramos lá para pedir água, e o funcionário nos contou um pouco sobre o local e o que fazem. Nem imagino como deve ser acordar as 4h da manhã no inverno, com um frio de 20 abaixo de zero, para limpar a neve da estrada com um trator! Nesse ponto saímos da estrada principal, asfaltada, pra pegar um trecho de 70km de rípio ("um pouco ruim no começo mas muito bom no meio" segundo o funcionário).

(Posto de Serviços em El Cerrito. Foto: Rafael Gassner)
(praticamente um oásis!)

Aqui colocamos a prova as bikes, as pernas, e o psicológico! Foram quilômetros e quilômetros de nada. Planícies longas e amareladas, sem nenhuma árvore e sol. Eu olhava o horizonte e via a estrada se estendendo por uns 2 ou 3 km até a próxima pequena elevação. Quando chegávamos nesse ponto, o visual se repetia :-). No entanto algumas fotos muito legais foram feitas nesse trecho! Assusta também a ausência de presença humana. Vimos umas duas fazendas apenas, e entradas para algumas outras (as quais não se via a sede). Nos últimos kms começamos a encarar um vento contra, e apesar de ainda termos alguma luminosidade a temperatura começou a cair bastante.


 (Foto: Mildo Ari)

(Essa é pra capa da revista :-). Foto: Daniel Czaikowski)

Foi um tremendo alívio ver as luzes da localidade de Tapi Aike, e a estrada asfaltada ao fundo. Imaginávamos também que haveria uma pousada em algum lugar por lá, mas só o que encontramos foi outro posto de serviço, um posto policial, e do outro lado da rua um pequeno posto de combustível com uma lojinha, mas que já estava fechado. O pessoal do posto de serviço já está acostumado com a presença de cicloturistas e até já tem um espaço preparado para acampar. Quando chegamos lá encontramos um casal de ciclistas alemão/suiça que já havia ocupado esse espaço, mas o funcionário nos indicou um barracão e um gramado que poderiámos utilizar. No começo do dia, eu tinha esperanças de não ter que acampar, mas ao chegar lá, era tudo o que queria :-)! Armamos as barracas e em seguida fizemos uma janta fria com o que tínhamos.


(Tapi Aike ao fundo)

Nessa região, não é comum ter energia elétrica trazida de longe por fios como no Brasil, e o usual é a utilização de geradores em cada local! Fomos dormir ao som de um.... mas graças ao cansaço, eu devo ter ouvido ele por uns 5 minutos apenas. De madrugada choveu um pouco e esfriou, o que me fez acordar para colocar um pouco mais de roupa, mas o frio não chegou a ser um problema (pra mim pelo menos).


Fechamos o dia com 159km, e 1327m de altimetria. Track aqui.

5 comentários:

  1. Show de bola dormir com um motorzão desses ao lado hein!

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    1. Esse tava desligado! Na verdade quem ficou no galpão ficou mais protegido do barulho do motor. Eu e o Zé ficamos mais próximos ao motor.

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  2. Putz, com 160km naquele cascalhão eu dormia até em cima de cacos de vidro. Eu também fiquei muito impressionado com a vastidão e isolamento dessa região... horas e horas de carro e no máximo uns guanacos pulando.

    JOPZ

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  3. Foto de capa mesmo. Show!

    Abraços!
    Rodrigo Stulzer
    transpirando.com

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  4. Pro pançudo aqui foi o dia mais lazarento, faltou comida, :(

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