domingo, 11 de novembro de 2012

Serras do Sul - Dia 12 - Cambará do Sul / São Francisco de Paula

(26/09) Hoje o dia estava reservado para visitarmos os cânions, mas o tempo estava horrível: frio, muito nublado e com uma leve garoa. O tempo em Cambará é muito imprevisível e poderia até abrir de repente, mas as chances pareciam ser muito remotas, então acabamos  escolhendo por seguir a viagem, encurtando ela em um dia. Nos preparamos para sair, e fechamos a conta na pousada. Antes de deixar a cidade demos uma paradinha na praça principal e o termômetro estava marcando 3 graus! A sensação térmica era de menos pois tinha um ventinho e ar estava bem úmido. Durante o pergurso o tempo foi piorando e próximo a Tainhas a garoa engrossou. Não era ainda uma chuva, mas estava molhando. Paramos para um lanche rápido no trevo de Tainhas e durante essa parada para o lanche é que percebemos o quanto frio estava. Enquanto estamos pedalando o corpo fica aquecido, apesar de estar molhado, pois a roupa impermeável não permite que o suor evapore, daí quando paramos esse suor esfria então você fica molhado e gelado!





Seguimos a viagem em direação a São Francisco de Paula, e o plano era só passar por lá e ir até Canela. Mas decidimos entrar na cidade para um novo lanche. Durante esse trecho o tempo piorou, e passou a garoar de maneira contínua. Durante o lanche avaliamos a nossa situação: molhados, com frio e cansados. Poderíamos pernoitar em São Fco mesmo, ou poderíamos encerrar por ali e pegar um ônibus direto para Porto Alegre, já que São Fco está a mesma distância de PoA que Canela, então não valeria a pena seguir até Canela só para pegar o ônibus lá. Fomos até a "rodoviária" e descobrimos que tinha um ônibus saindo em meia hora, mas ainda tinhamos que nos certificar que a empresa não encrencaria com as bikes, comprar as passagens e trocar de roupa. Foi bem corrido mas deu certo e embarcamos para PoA. O problema é que a viagem de ônibus tinha um combinação letal pra mim: descida de serra com muitas curvas e pouco tempo para o Dramin fazer efeito. Cheguei em PoA bem enjoado e com o lanche quase indo pra fora, mas felizmente ele resolveu ficar no lugar :-). Em vista dessa experiência achei melhor voltar para Curitiba de avião e consegui uma passagem barata, mas para as 7hr da manhã do dia seguinte. O Mr Heil conseguiu  uma passagem de leito para Joinville. Então terminamos de desmontar as bikes ali mesmo (só havíamos tirado a roda para colocar no primeiro ônibus) e nos despedimos. Eu peguei um taxi pro Aeroporto pois queria usar aquele serviço de embalagem de bagagens do aeroporto (dica: custou 50 reais e inclui um "seguro"). Quando terminei tudo eram mais de 10 horas da noite! Pesquisei hoteis próximos ao aeroporto e eram todos ou muito caros ou estavam lotados, ou caros *e* lotados! Então resolvi ficar pelo aeroporto mesmo. Foi uma espera chata, e com um sono torto e desconfortável, mas valeu a pena pois cheguei em casa antes do previsto e ganhei dois dias para descansar antes de ter que retornar ao trabalho na segunda-feira.




Apesar do final meio atrapalhado a viagem foi muito legal. Essa em particular foi uma mistura de desafio físico, psicológico (primeira vez que pedalei mais de um dia sozinho), mas plenamente recompensado pelas paisagens, pelas pessoas que encontrei pelo caminho, pela minha companhia de viagem e pelo simples prazer de pedalar. Ah sim... os 4 quilos que eu deixei no caminho também foi um "efeito colateral" bem vindo :-).

Resumo do dia: 70km, 700m de altimetria, muito frio e poucas fotos. Track aqui.

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Serras do Sul - dia11 - São José dos Ausentes / Cambará do Sul

(25/09)  O trecho de hoje seria mais "fácil", mas como sempre tem um imprevisto, não foi tão "fácil" assim. Primeiro o dia amanheceu com uma neblina bem forte, e para completar saímos meio "perdidos" até encontrar o rumo certo para Cambará. O mapa no GPS não condizia muito com o que estávamos vendo pois começaram a fazer uma estrada nova uns 50m pro lado da estrada antiga. Mas após um "é pra cá, não é pra lá", achamos o caminho. A essa altura a neblina começou a dissipar, mas em vez de aparecer um sol, ficou um nublado esquisito.

(o hotel em construção)

Passamos pelo "Vale das Trutas", e chegamos a um posto fiscal próximo na divisa de RS e SC, mas continuamos no RS. No posto fiscal apareceram dois cachorros e eles resolveram nos acompanhar! O tempo que não estava lá essas coisas, piorou, então paramos para vestir a roupa de chuva. Pouco tempo depois a chuva começou a engrossar e e acabamos parando num hotel fazenda e pedimos para aguardar a chuva passar no galpão da fazenda! Ficamos uns 40 minutos por lá conversando com o pessoal da fazenda até que a chuva parou e seguimos viagem. Antes de sairmos o pessoal da fazenda enxotou os cachorros, que ainda nos seguiam!



A estrada tinha muitas pedras soltas, então seguimos num ritmo mais devagar. A uns 10km  de Cambará do Sul paramos em uma lanchonete em frente a uma fábrica de celulose, e foi triste saber que a fábrica estava falida e que isso poderia desestabilizar toda a economia da região. Saímos da lanchonete e encaramos uma forte subida, e em obras, mas logo em seguida fomos recompensados por um bom asfalto. A dificuldade final foi o frio e o vento contra. Em algumas descidas o ar gelado entrava pelo capacete e gelava a testa! Mas chegamos bem em Cambará. Passamos na "Casa do Turista" para pegar algumas informações e fomos atrás de uma pousada. Acabamos optando por um pouco mais de conforto e pegamos uma pousada com calefação! Mais tarde, já a noite, fomos jantar no restaurante Casarão (massas, polenta, sopa de capelete, saladas. Muito bom!). Uma dica pra quem vai pra esses lados: há pouca disponibilidade de caixa eletrônica e máquininhas de cartão então é bom ter um $$ em espécie, além disso celular da Tim não funciona.





Como o tempo estava feio, acabamos tirando poucas fotos :-(.

Resumo do dia: 57km e 980m de altimetria. Track aqui.

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Serras do Sul - dia10 - Bom Jardim da Serra / São José dos Ausentes

(24/09) O dia prometia ser pesado (e foi!), pois faríamos um trecho de 80km sendo quase todo ele por estrada de chão! Após uma noite fria, acordamos relativamente cedo, tomamos café e nos despedimos da Dona Tereza e do Seu Anastácio. Da fazenda até a entrada da estrada foi bem rápido, mas fizemos uma parada em um mercadinho para comprar o lanche do dia, pois não tínhamos certeza do que encontraríamos pelo caminho. A estrada para São José dos Ausentes está sendo pavimentada, e as obras se iniciaram a partir de cada uma das duas cidades e um dia se encontrarão na fronteira dos estados. Estradas em pavimentação são piores do que estradas sem pavimentação alguma, pois as máquinas remexem as pedras que ficam soltas!

 (amanhecer na fazenda)
 (Dona Tereza, Seu Anastácio, Mr. Heil e eu)


 (Mr. Heil tem uma teoria que se vc para quando os cachorros vem latindo pra cima, eles ficam sem saber o que fazer. Aqui ele está testando a teoria. Parece que funciona!)

O começo do pedal rendeu pouco, principalmente pela quantidade de pedras na estrada e demoramos um pouco até chegar na fronteira entre SC e RS. Fizemos uma parada para o "almoço" na beira do rio que separa os dois estados. A estrada melhora um pouco do lado do RS, embora tenhamos encarados mais subidas.


 (almoço na fronteira)
 (RS lá vamos nós!)


Depois de bastante "nada" pelo caminho, fizemos uma parada em uma localidade chamada "Silveira" e lanchamos. Ficamos um pouco preocupados pois havia a possibilidade de não conseguirmos chegar em SJ dos Ausentes com luz do dia, e a noite tem esfriado um bocado. Mas o trecho de estrada depois de Silveira estava bom e conseguimos manter uma média de velocidade bem maior do que havíamos feito até então. Quando chegamos em SJ dos Ausentes nos hospedamos no primeiro hotel que encontramos, e que haviam indicado pra gente no caminho. Era uma combinação de Posto/Restaurante/Hotel, mas a parte do Hotel estava sendo construída, e o nosso andar era bem novinho e muito bom. Acabamos jantando um "A La Minuta" por lá mesmo e fomos dormir cedo, pois o dia havia sido cansativo.


 (cemitério a beira da estrada)
 (próximo a Silveira)


Resumo do dia: 87Km com 1700m de altimetria. Track aqui.

domingo, 28 de outubro de 2012

Serras do Sul - Dia09 - Serra do Rio do Rastro

(23/09) Hoje dia de hoje seria outro dia especial pois finalmente eu passaria pela Serra do Rio do Rastro, e para completar, passaria duas vezes (!), já que eu desceria, encontraria meu colega de viagem em Guatá (onde começa a serra) e subiria com ele! Acordei cedo, arrumei minhas coisas, mas tive que sair sem café da manhã, já que ele só seria servidor a partir das 8h, e eu queria sair antes disso. O tempo amanheceu um pouco nublado, mas seco e sem previsão de chuva, apesar da frente fria que se deslocava em direção a região. Fiz o trecho entre Bom Jardim da Serra e o começo da descida dentro do tempo previsto, mas senti que as pernas não estavam na sua melhor forma. Parei no mirante para algumas fotos, que não ficaram lá essas coisas por causa das nuvens, mas nem me preocupei muito pois eu teria mais uma chance de fazê-las :-), além do mais não queria deixar o Mr. Heil esperando, e eu havia dito que chegaria por volta das 10h.

 (parece bom, mas não ficou sempre assim o tempo)
(quatis no mirante!)


Do mirante até Guatá, foram 50 minutos quase a maioria deste tempo descendo. Com os alforges e com a roda traseira um pouco empenada, preferi ser "cauteloso" (um eufemismo para medroso), então usei um bocado o freio. Encontrei o Mr. Heil na pousada que ele estava, e aproveitei para tomar um café da manhã por lá. Iniciamos a subida e as pernas voltaram ao "normal", elas precisam mesmo do café...  Vencemos a subida sem problemas, claro que parando bastante para as fotos e para tomar uma água. Se o tempo não colaborou com as fotos, pelo menos colaborou com os ciclistas, pois teria sido muito mais desgastante com um sol forte.






Fizemos uma pequena parada no mirante novamente e comemoramos o feito. Meu amigo tinha dúvidas se conseguiria, embora eu tivesse certeza que ele subiria tudo. Esse "gosto" por desafios de subidas é mesmo difícil de entender, mas não é de todo incomum entre os ciclistas :-). Saimos do mirante, e paramos em uma churrascaria alguns kms adiante, e fizemos uma merecida reposição de calorias e proteínas :-).

A Serra do Rio do Rastro possui iluminação, então deve ser um programa legal fazer a descida/subida durante a noite (no verão é claro!). hm... nota mental: colocar no "to do" subir/descer a serra de novo, e de speed :-).




 O destino final do dia foi a fazenda de um amigo do Mr. Heil, que gentilmente estendeu o convite para que eu também me hospedasse lá (obrigado mais uma vez Wilson!). A sede da fazenda é muito legal e muito confortável, e pudemos aproveitar o fato de termos chegado relativamente cedo para lavar algumas peças de roupa. Fomos recebido pelo casal que cuida da fazenda, os dois muito simpáticos. O sr. Anastácio, um típico gaúcho - bombacha, bota e lenço -  nos divirtiu bastante com os seus causos durante o delicioso jantar preparado pela Dona Tereza. Apesar de querer desfrutar de mais tempo da companhia de todos, os olhos estavam fechando, então nos retiramos e deitamos mais cedo. Durante a noite a temperatura caiu bastante, e as notícias da previsão do tempo eram de uma possibilidade de neve na região, mas a neve não veio... ficamos só com o frio mesmo!

Resumo do dia: 63km com 1700m de altimetria. Track aqui.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Serras do Sul - dia08 - Urubici / Bom Jardim da Serra

(22/09) No dia anterior eu havia conversado com o seu Chico e haviámos levantado a possibilidade dele me acompanhar em um pedaço do percurso de hoje (sábado). Claro que ele não poderia simplesmente largar a pousada, mas mantive o convite. Acordei cedo, tomei café e na hora de sair a supresa, não só ele iria me acompanharia como também havia convidado um amigo seu de pedal, o Ney, que também nos acompanharia. Então saímos os 3 com destino à entrada do Parque São Joaquim, distante uns 20kms da pousada. Claro que para sair de Urubici teria que ser subindo :-). Mas fomos conversando, e a subida foi vencida sem problemas. O tempo estava bom, mas um pouco frio, então nas poucas descidas da parte asfaltada os dedos congelavam!

 (Pousada Girassol em Urubici)
 (seu Chico, no centro, e o Ney)
(Urubici lá embaixo)

Chegamos na casa do guarda-parque, e paramos para uma água e para nos despedirmos, pois eu continuaria sozinho pelo parque e eles voltariam para Urubici. O guarda comentou que estava aumentando no parque a população do que eles chamam de "leão baio", algum tipo de felino que eu não faço idéia de como seja, e que é bem raro de se encontrar ao vivo durante o dia.

O trecho dentro do parque começa com mais subidas inclinadas e com pedras, mas o visual na parte mais alta compensa o esforço. A parte mais alta do caminho chega aos 1700m de altura, e passa pela mesma cadeia de montanhas do Morro da Igreja. O visual na parte alta me lembrou algumas paisagens patagônicas, ou seja, vegetação rasteira e amarelada, e aquela vista do horizonte distante (até tinha vento também, mas era uma brisa comparado com os da patagônia!). A paisagem muda bastante ao descer, e as florestas e rios passam a dominar a paisagem.


 (cemitério, na parte mais alta do parque)




Ao cruzar um dos principais rios da região, o Rio das Antas, encontrei com um grupo de pescadores fazendo um churrasquinho na beira da estrada/rio. Foi até engraçado, pois quando um deles me viu já sacou uma latinha de cerveja e fez aquela encenação de apoio/posto de hidratação. Eles estavam na região pescando no estilo fly fishing, e me convidaram para partilhar do churrasco. Confesso que veio em boa hora :-), então comi  e  fiquei de papo com eles. Pessoal legal! O tempo a essa altura já estava bem bom, bastante sol e um pouco de calor.


O resto do caminho foi tranquilo: algumas fazendas, algumas subidas e um bocado de pedra pelo caminho, mas sem grandes problemas. Acabei chegando cedo em Bom Jardim da Serra e até pensei em descer o Rio do Rastro para encontrar o mr. Heil, pois eu havia me comunicado com ele, e ele me disse que ficaria em uma pousada em Quatá, no começo da Serra. Mas achei que não pegaria a melhor luz do dia para descer e resolvi ficar por Bom Jardim mesmo. Me hospedei e aproveitei para trocar mais um raio quebrado na frente do Hotel. Dessa vez fiz eu mesmo :-).


 (Bom Jardim da Serra)


Quando sai a noite para jantar, vi que havia esfriado bastante! Achei até que não fosse ter casaco suficiente... Quando voltei aproveitei um pouco da salamandra do hotel, mas não fiquei muito tempo e fui dormir.

Resumo do dia:  61km, 1700m de altimetria. Track aqui.