segunda-feira, 19 de abril de 2021

Circuito das Araucárias (parte 2)

Depois de dois dias pesados, o terceiro dia não deveria ter nenhum grande chefe de fase, mas nunca é assim né? Pelo menos começamos com um belo e "esticado"café da manhã. Saindo da pousada encontramos um grupo que tinha vindo do nordeste pra fazer o circuito também, mas estavam num ritmo bem mais lento que o nosso e logo deixamos eles pra trás. Esse trecho do circuito faz uma "volta" para dar uma esticada na quilometragem e passa por lugares sem grandes atrativos embora agradáveis. Após cruzar a rodovia em direção à Bateias, passamos por uma área com várias chácaras bem bonitas até chegar na Cachoeira Salto do Engenho. Paramos lá para um "almoço" e nos despedimos do circuito para seguir em direção a Agudos do Sul onde nos hospedaríamos na chácara de um amigo do Cassiano.

(um cafézinho antes do cafezão!)








As "maldades" estavam concentradas nesse trecho, incluindo uma subida relativamente curta, mas bastante inclinada logo após a Cachoeira, e outra tão inclinada quanto, mas com o dobro de comprimento após cruzar a divisa de SC com o PR. O sol estava castigando e a água acabando quando encontramos um pequeno bairro e uma igreja. Paramos para repor o protetor solar e pegar água. 

Demorou um pouco mais do que o previsto, mas chegamos à chácara onde iriamos pernoitar próximo das 16h, então tivemos tempo para colocar roupa para secar, fazer ajustes nas bikes e cozinhar.


Saldo do dia: 49km com 1100m de altimetria

Choveu a noite e sabíamos que o tempo iria piorar, mas fazer o quê né? Logo antes de pegar a estrada caiu uma chuva meio forte então demos uma atrasadinha antes de sair. Fomos até Agudos procurar uma padaria pra tomar um café e pegar algum lanche para a viagem. A rota feita automaticamente pelo GPS não foi das melhores e passamos por uns bairros feinhos na saída de agudos e com direito a um caminho interrompido por uma portão/propriedade privada, mas que conseguimos contornar sem grandes problemas. Após esse "contorno" passamos por um pessoal da COPEL que estava religando algumas chaves no poste após a tempestade e cruzaríamos por eles mais umas 3x durante o caminho. 


(companhia pro café?)

(depois da chuva)

Passamos pela entrada do Recanto Saltinho e dali seguiríamos por caminhos que novamente não me eram desconhecidos. Após uma parada para um lanche resolvemos alterar um pouco o caminho original para irmos em direção a Campo Largo da Roseira, pois o lanche foi pouco e a região não oferecia muita perspectiva de encontrar um buteco nesse caminho. Assim o fizemos e como esperado encontramos um lugar pra dar uma abastecida. 

(entre uma chuva e outra)

Por sorte, ou por azar, acabamos ficando mais tempo do que o programado nele, pois alguns quilômetros pra frente o tempo foi ficando feio. Digo *muito* feio! Só deu tempo de encontrar uma parada de ônibus antes que o granizo chegasse com força! Choveu bastante e sem dar muito expectativa de parar. Após mais de 1hr  não havia parado mas aproveitamos um momento de menor chuva para retornar pois havíamos visto um outro lugar mais protegido (outro buteco...). Estamos relativamente próximos de Curitiba, mas não havia muitos indícios que as condições atmosféricas iriam melhorar e estávamos molhados e com frio, então resolvemos apelar pro plano B... Ir até a 376 e ou seguir pelo asfalto ou acionar o resgate. A vida costuma ficar bem melhor após tirar a roupa molhada e vestir uma roupa seca e quentinha :-), que foi o que fizemos ao chegar no Posto Tio Zico. Consideramos que tava bom já e fomos tomar um café enquanto esperávamos o resgate da Cléo. Ficou faltando um pedaço, mas ainda assim ainda rendeu.


(se protegendo do "granito")
(the end...)


Saldo do dia: 50km com 860 de altimetria.

Circuito das Araucárias (parte 1)

 Por razões diversas as cicloviagens deram um tempo, mas a vontade de viajar não, então nada melhor do que uma viagenzinha "clássica" para retomar as atividades (e o blog tb)! Fazia algum tempo que eu queria fazer um ciclotour tradicional (sim... alforges, barraca, panelas, etc) e encontrei um louco parceiro novo disposto a encarar o desafio. Depois de algum debate com o Cassiano sobre o roteiro, acabamos convergindo para o Circuito das Araucárias, mas devido a questões de tempo e logística, não daria pra fazer o circuito inteiro então optamos por fazer os trechos mais legais e emendar com um retorno pedalando para Curitiba. Fechamos então uma programação de 4 dias assim:

- Dia "0": sexta a noite, carro até São Bento do Sul.

- Dia 1: trechos 1,2 e 3 do Circuito, ou seja, descida até Corupá e pernoite no "começo" da subida do trecho 4, ali na região do Parque das Aves.

- Dia 2: trechos 4 e 5,  com pernoite em Campo Alegre

- Dia 3: trecho 6 até a Cachoeira Salto do Engenho e dali seguir até Agudos do Sul

- Dia 4: de Agudos do Sul até Curitiba


(visão geral do roteiro)


A sexta-feira foi meio tumultuada e com zilhões de coisa para resolver (vai ter consequências...). Encerrei o expediente, fui buscar a Cléo (esposa do Cassiano e motorista de apoio!), fomos pra casa do Cassiano e terminamos de carregar o carro para pegar a estrada. Claro que atrasamos então em vez de chegar montar acampamento para depois jantar, mudamos a ordem para passar na cidade, pegar uma pizza e seguir pro acampamento :-). Nosso destino do dia foi o Sítio Ponte de Pedra (Pousada/Camping).

O dia amanheceu bem nublado, mas a perspectiva era boa e o tempo ia melhorar. Começamos a desmontar o acampamento e ao abrir o carro para guardar as coisas me dou conta que esqueci "só" uma coisinha... o capacete!!! O pior é que eu uso capacete até pra dar uma voltinha na quadra, então pedalar sem é como se estivesse andando pelado (não experimentei ainda, mas imagino a sensação). A dona da pousada foi bastante  prestativa e nos ajudou a ligar/contactar as lojas da cidade pra ver quem tinha capacete, mas por conta das restrições adotadas pela cidade durante a pandemia foi bem difícil falar com lojistas já que vários deles estavam fechados. Quando estava quase desistindo, conseguimos na última loja encontrar ajuda.


(bikes ainda em modo transporte)

(acampamento no sítio Ponte de Pedra)

Partimos pra loja, comprei o capacete e de lá preparamos as bikes para finalmente começar o pedal! De lá a Cléo voltaria pra Curitiba com o carro, então nos despedimos e bora pedalar!

Pedalamos só umas duas quadras antes de ter que parar e resolver problema :-(. Sabe aquela história de fazer um pedalzinho na cidade com todo o material para testar? Pois bem... O Cassiano até tinha feito, mas ao desequipar e equipar a bike após o transporte, o suporte pra barraca dianteiro ficou pressionando os cabos de freio/câmbio e foi necessário reajustar tudo e mesmo assim acabou não ficando perfeito e ele "perdeu" algumas marchas. Mas era hora de pedalar... que falta faria algumas marchas em um circuito que é só pirambeira? :-).




(ainda na parte que desce!)

Os primeiros quilômetros foram por terreno já conhecido e que eu gosto bastante. Algumas paradas para fotos e bastante descida até cruzar o Rio Vermelho. E aí começa a primeira "pegadinha" do circuito, porque embora São Bento esteja a 830m de altitude e Corupá a 70m, ao terminar de descer você está em um  vale e a rota das cachoeiras está em outro! E no meio tem uma subida de uns 6km! No começo da subida a temperatura estava castigando, então quando o tempo fechou e choveu um pouco, nem reclamamos!


(rio... a partir de agora 6km de subida!)

Após a subida bateu uma fraqueza pois como começamos o pedal tarde, já havia passado bastante do almoço e estávamos só com o café da manhã (e uma barrinha ou outra). Mas conseguimos chegar na entrada da rota das cachoeiras, e embora não fossemos visitá-las, paramos no boteco que fica na entrada para uns merecidos pastéis (era o que tinha...).

Com o meio tanque preenchido, tocamos em direção a Corupá e chegando na cidade paramos para comprar o jantar e nos preparar para o segundo perrengue do dia: não sabíamos onde iriamos dormir :-). Por conta da pandemia, nós conseguimos reservar o dia "0" e o segundo dia, mas esse dia não! Antes da viagem tínhamos feito contato com um lugar que apesar de fechado nos ofereceu o "pasto" para acampar. O plano era tentar algum camping na região, mas se desse errado ia ser o pasto mesmo!

Pegamos a subida pelo lado do Rio Natal e ao chegar na região do Parque das Aves tentamos os primeiros dois campings e ambos estavam fechados! A noite chegou, acendemos farol e continuamos na subida e na busca por  um lugar pra acampar. E não é que demos sorte? Na última opção antes do "pasto", paramos num local e o proprietário deve ter ficado com pena da gente, pois apesar das restrições aceitou que acampássemos lá. Gostaria muito de fazer os devidos agradecimentos em público, mas pra não complicá-lo, não o farei :-(.

Dia puxado, então o negocio foi banho, rango e montar acampamento! 




(pra quem ia dormir no pasto, tá um luxo!)

Saldo do dia 1: 68km com 1027m de altimetria!

Segundo dia de pedal não começou cedo (de novo) como deveria, mas apesar do chefe de fase que seria a primeira subida, a quilometragem era relativamente baixa. Não deu nem tempo pras pernas acordarem e já estávamos subindo. Já havia subido esse trecho duas vezes mas com carga é bem pior! Apesar do progresso lento, conseguimos vencer a subida e como prêmio ganhamos vistas bem legais dos mirantes.

(desconfio que esse era o pasto...)
(sobe)

(sobe mais e fervendo)


Do final da serra até o povoado do Rio Vermelho ainda tem um bocadinho de chão e a expectativa era encontrar algum lugar pra comer. Demos sorte de novo e achamos o "Delícias da Sandra", que apesar de não ser um restaurante, proporcionou um bom lanche.

Apesar de termos subido a serra, pra chegar em Campo Alegre tem mais uma "serrinha" no meio e com as pernas já moídas, a sensação era de que era bem inclinada! Mas deu tudo certo e chegamos em Campo Alegre. Passamos no marco/inicio dos trechos 4 e 5, paramos na cidade para abastecer a água e seguimos para a pousada do dia: Casa Antiga.

(centro de Campo Alegre, fim/inicio de trechos)
(Casa Antiga)
(rio ao lado da casa)

O espaço da pousada é interessante: passa um rio no meio, tem chalés para alugar, um restaurante e a tal da casa antiga onde funciona a pousada. Como só tínhamos nós, cada um ficou com um quarto imenso! E o que é melhor: janta e café da manhã incluido! Daí ficou fácil... banho quente, uma cerveja, jantar e uma boa noite de sono!

Saldo dia: 45km com 1370m de altimetria!







sábado, 6 de maio de 2017

Jalapão - Parte 5

Estava tomando café da manhã na pousada e tinha um casal e mais uma rapaz em outra mesa. Pelo papo parecia que eram de Curitiba, então puxei papo e de fato eram! Eles estavam fazendo o Jalapão através de uma agência de turismo e tinha espaço na caminhote e talvez conseguisse uma carona com eles! Opa! Conversei com o guia/motorista e sim, ele poderia me dar uma carona! Sensacional! Como eles seguiriam para São Felix no dia seguinte, combinamos de nos encontrar em um fervedouro onde eles almoçariam e de lá pegaria a carona para Palmas.

Resolvido o problema logístico da volta, arrumei as coisas com calma e sai de Mateiros com destino ao fervedouro do Ceiça. Alguns kms saindo de Mateiros eu encontrei com o Edmilson, lá da Cachoeira da Velha. Ele tava preocupado comigo :-). Agradeci pelo cuidado e fiz um resumo dos últimos dias. Mais um pouco pra frente tive o primeiro e único problema mecânico da viagem: furou o pneu traseiro! Como remover a roda com o Rohloff é meio chato, fiz como de costume, e remendei a câmara sem tirar ela da roda.


 (Saída de Mateiros)
(remendando a câmara sem tirar a roda :-) )

Mais alguns kms pra frente, cheguei na entrada para o Fervedouro do Ceiça e segui para lá. O fervedouro é na verdade a nascente de um rio, mas a água sai com pressão por debaixo de um solo arenoso e quando vc  fica em cima dessa saída de água ela te empurra pra cima e vc não consegue afundar. É estranho, porque vc fica com água pelo peito e pernas "enterradas" na areia (na verdade areia em suspensão) até a altura do joelho! O Fervedouro do Ceiça é pequeno, mas é um dos que tem mais pressão. E é também uma máquina de fazer dinheiro, pois é cobrado R$ 10 por pessoa. Quando cheguei lá tinha um grupo de umas 15 pessoas! O Ceiça faz um controle para que só fiquem 6 pessoas por vez na água.

 (Fervedouro do Ceiça)
 ("boiando" em pé)
(minha carona do dia seguinte!)

Quando estava saindo do Fervedouro, o pessoal de Curitiba e guia chegaram e aproveitei para confirmar o encontro e pegar mais alguns detalhes do local. Segui em direção a cachoeira do Formiga e sofri um pouco com o calor. A cachoeira fica a alguns kms da estrada principal, e esse trecho da estrada até a cachoeira tem um bocado de areia! Na cachoeira tem uma pequena estrutura com bar/banheiro e aproveitei para almoçar por lá. Encontrei de novo aquele grupo grande de pessoas que estavam no fervedouro. Fui para a Cachoeira mas pude aproveitar pouco, pois o tempo virou completamente e desabou maior chuva. Fiquei um bom tempo esperando dar uma melhorada no tempo para seguir viagem até o Camping do Vicente.

 (Cachoeira do Formiga)

(amiguinhos do almoço)

Tinha lido relatos falando do Vicente e do camping dele, e chegando lá estava curioso para conhecer o Vicente. Por sorte ele estava lá sim, mas acabei conversando mais com o Roberto, um amigo do vicente que está assumindo a administração do camping junto com a esposa. Pela quantidade de material de construção que tinha por lá, o negócio parece que vai ficar bem legal! O Roberto trabalhava com telecomunicações e já rodou o Brasil inteiro, então espero que traga idéias novas pra região, que de uma maneira geral carece de uma visão mais "turística" (ser "roots" é legal também, mas é tudo muito "roots" :-) ).

 (falando em "roots": Bikepacking Raiz)
 (e a bebida da região. Raiz tb :-) )
 (Camping do Vicente. Em obras para melhor atendê-los !) 
 (Para contrastar, segue a versão Bikepacking Nutella)
(esse é o Roberto)

De novo armei a barraca debaixo de espaço coberto, então mesmo com chuva não foi preciso usar o sobreteto. Como estava preocupado com a carona, acordei um pouco mais cedo que o usual e arrumei logo as coisas para pegar a estrada. Desse ponto em diante a estrada fica bem melhor e acabei percorrendo os 50km até a entrada do Fervedouro Bela Vista bem rápido. No caminho uma das vans que saiu de Mateiros passou por mim, outra só 3 dias depois :-).

(a caminho do Fervedouro Bela Vista)

O Fervedouro Bela Vista é bem maior do que o do Ceiça, e possui umas 6 saídas de água, embora com um pouco menos de pressão. Mas é legal assim mesmo :-). Acabei chegando antes que minha carona, então deu tempo de arrumar as coisas e dar uma descansada. O pessoal chegou e acompanhei eles na visita. Almoçamos por lá mesmo, e aproveitei para mandar mais um pedido de agradecimento ao Edmilson, já que a esposa dele trabalha como cozinheira lá no Bela Vista.  

(Fervedouro Bela Vista) 


Depois do almoço, colocamos a bike na caçamba da caminhote, tomei meu dramim e seguimos viagem em direção a Novo Acordo. No caminho paramos para fotos na Serra da Catedral e para um lanche rápido/água na entrada do Fazenda/Camping do Camilo. Próximo a Serra da Catedral fica um lugar legal mas que não deu tempo de conhecer, o Jalapão Eco Lodge (#ficaadica). O trecho de São Felix a Novo Acordo é relativamente longo e sem grandes atrativos, a não ser a paisagem mesmo, mas que é mais fechada por conta de uma vegetação mais alta. Fizemos mais uma parada em Novo Acordo e de lá para Palmas foi rápido pois pegamos o asfalto. Em Palmas acabei fiquendo no mesmo hotel que o casal de Curitiba (achei que não ia dar, mas apesar da cara de chique, o preço era bem razoável :-) ). A noite saí com o casal para comer uma pizza, afinal, foram duas sexta-feiras sem pizza.

 (Serra da Catedral, e o tempo virando, de novo!)
 (Formações rochosas próximos ao camping do Camilo)
 (diz o guia que com bastante imaginação vc consegue ver um formato de macaco aí...)
(Entrada pro camping do Camilo)

Acabou que o tempo foi curto, mas consegui fazer tudo que eu tinha planejado. Inclusive aproveitar o dia em Palmas para visitar o PoP-TO (programa de nerd :-) ). Almocei com o pessoal do PoP e por conta da chuva que caiu depois do almoço ainda ganhei uma carona salvadora até o aeroporto! Desmontei a bicicleta lá mesmo e usei aquele serviço de embalagem de bagagem (bom, mas é bem caro! R$ 150 por causa do tamanho da bike). Viagem padrão de volta para Curitiba, com direito a aeroporto cheio em BSB, mas sem surpresas. 

(embalada pra voltar pra casa)

Resumo dos dias: 40km de Mateiros ao Camping do Vicente (track aqui). 51km do Camping do Vicente até o Fervedour do Bela Vista (track aqui).